terça-feira, 15 de janeiro de 2013

'O CAUSO DO FENFEM"


Não venceu na cidade grande....As catingas do sertão ainda é boa!



O causo que vou contar
é de um certo  cidadão   
que foi criado no mato
filho de seu Nonato
que morava no sertão


um dia aperreado com a seca
desidil fazer imigração
cansado de ficar com a mão empolada
de tanto arrastar enxada
o matuto tomou a decisão


 imigrou -se  para São Paulo
vendeu tudo o que tinha
para comprar sua passagem
vendeu  os bichos das pastagem
uma mula magra e uma galinha


despediu da parentela e amigos
e pegou o pé na estrada
ganhar dinheiro ganhar fama
era o que mais o bacana
viajando então sonhava


o cabra quando chegou em São Paulo
estranhou  ver tanta gentarada
assombrado perdeu a coragem
que já foi comprar a passagem
para sua  terra poder voltar

mas quando ele ia para o guichê
um rapaz  pediu para ele não voltar
e disse: pode contar comigo
eu sou o seu amigo
e comigo vai morar

o matuto  aceitou o convite do moço
logo que chegaram na casa do rapaz
ele falou pro cabra da roça:
fique a vontade a casa é nossa
relaxa toma um gole fica em paz

o matuto  nem desconfiou que o moço
era um moço desses guei
e o guei pra o Fenfem começa a falar:
tira a roupa e vai se banhar
no entanto eu já me banhei

Fenfem acanhado foi  pro chuveiro
de repente do nada ele vê uma mão
e uma voz dizendo  assim:
o moço da roça eu estou afim
de esfregar em você o sabão

o Fenfem era tão ingênio
que não percebia o que estava acontecendo
acanhado para o moço respondeu:
não, deixa que esfrego eu
e eu já estou te aborrecendo

o guei entrou pelado no banheiro
e foi pondo a mão no bingolim do Fenfem
o matuto deu um salto pra fora
e disse:abra a porta vou embora
que comigo aqui não tem

avexado vestil a roupa
  e de um sofá pegou a mala
e do vigesimo quinto andar
no elevador com medo de  entrar
o matuto do prédio desceu as escadas

caminhando cabisbaixo sem direção
topou de cara com um poste
um cidadão por sinal educado
com um certo jeito teve o cuidado
de levantar o cabra do norte

o cidadão perguntou :qual o seu nome
e  pra onde vai e de onde vem?
-eu vim duma cidade do norte
arriscar nesse chão minha sorte
e o meu nome é Fenfem

o homem para o matuto se apresentou:
sou bancário me chamo Vava
mas te dou a intimidade
até para facilidade
pode me chamar de Mamá

até parecia ser uma sina para o Fenfem
pois não era que o moço que lhe ajudou
como alguns minutos atrais
como era o outro rapaz
outro boiola ele encontrou

mas você pensa que ele percebeu?
pode crer  no que falo eu não minto
onde o Fenfem nasceu e foi criado  
não tem nem sapatão  nem viado
os que já existiram    foram extintos

o matuto aproveitando a ocasião
e pediu emprego pro camarada
o efeminado sem perder tempo
levou ele para o seu apartamento
lugar que ele trabalhava

na chegada servil um café para o Fenfem
e disse: eu vou no quarto e volto já.
o matuto nunca tinha pegado um na mão
celular que estava posto a um balcão
e que não parava de tocar

logo o rapaz veio atender o celular
a prosa do moço era assim:
faço gostoso completo
tem espelho colado no teto
a o serviço que eu faço é completo

Fenfem parado como uma mula empacada
só ouvia e queria entender
do homem qual era a profissão
pois como trabalhava o cidadão
o matuto queria aprender

para que os dois pudessem prosear
o rapaz desligou o telefone
o Mamá perguntou  pro  Fenfem:
pra onde quer ir e de onde vem
e qual o seu nome?

o meu nome é Fenfem de Parreira
eu vim de Murigipa    
mas das  catingas meu senhor
deixei pra traz uma dor
pra trabalhar nessa terra bonita

lá eu  trabalhava de lavrador
mas desejo aqui aprender
do mesmo jeitinho que tu trabalha
sem até sair de casa
se não for incomodar você

e o Mamá liga o telefone
e em poucos segundos já começa a tocar
mesmo que você me pagasse Cris
pra sair do Brasil pra París
eu não iria só trabalho em meu lar

feito um tiro de espingarda
ligeiro o coração do matuto danou-se a bater
do jeito como trabalhava  Mamá
só no telefone em seu lar
Fenfem do mesmo jeito queria fazer

de rente do Ap toca a  a campainha
pra dento entra um moço alto vistoso
e segue para o quarto com o Mamá
que pede para o Fefem aguardar
e disse que só iria fazer algo gostoso

na plenitude da engênuidade do matuto
imaginou que o Mamá fosse cozinheiro
daqui a pouco ele ouve uma sussurração 
procurou de onde vinha a direção
que por sinal era do banheiro

logo vem os dois do quarto pra sala
e o home alto vistoso pega a carteira
e para o Mamá da uma nota de cem  
dizendo: até a semana que vem
pra continuar a brincadeira

o Fenfem levanta do sofá
e para o Mamá faz a exclamação:
gostei de ver seu Mamá
ver o senhor trabalhar
sem cara feia mas com animação

é que o moço que acabou de sair
disse que logo iria  continuar a bricadera
o seu excelentissimo doutor Mamá
se não for incomodo pode me ensinar
trabalhar da sua maneira?

o Mamá pensava que o Fenfem
se tocou do que ele trabalhava
então disse ele para o matuto de Cariacica:
te ensinar em nada me complica
e não vou te cobrar nada

o matuto deu um pulo pra riba do moço
e deu um  abraço  bem forte
no intimo ele disse assim:
o homem gostou mesmo de mim
aqui eu dei muita sorte

o Mamá pegou um caderno e uma caneta
e anotou o nome do cabra inocente
e assim passou a falar:
fica em paz pra você vou passar
 dez por cento dos meus clientes

Fenfem ansioso fez a pergunta:
e quando eu começo a trabalhar?
o efeminado então respondeu:
depois de um cliente meu
com o próximo você vai começar

e a campainha toca novamente
e o Mamá vai atender
antes de seguir para o quarto
ele fala bem baixo:
o próximo já é você

o matuto na ansiedade pelo trabalho
caminhava no Ap pra lá e pra cá
o olho do Fenfem regalou
quando vil o quanto o cliente pagou
pelo o serviço do Mamá

o Fenfem fixou os olhos na porta
e não via a hora da campainha tocar
de repente feito uma cigarra ela tocou
no Ap um negão forte entrou
e o efeminado disse: Fenfem vai trabalhar

o matuto com o negão entrou no quarto
quando o sujeito começou a fazer a trama   
o Fenfem perguntou qual era o trampo  
  o negão já pelado pegou no tranco
e jogou o matuto pra cima da cama

foi um corre da qui um corre de lá
e o negão sem entender nada
falou para o cabra de engênuidade:
nossa seu trabalho tem novidade
você vai ganhar uma dinheirada

o Fenfem sacou do bolço um canivete
e apontou   na direção do moço
disse: se você não me deixar em paz
sinto muito  meu rapaz
eu arranco o teu pescoço

o negão se vestil e saiu em disparada
o Mamá que tomava um vinho
admirado no ar sussurrou:
nossa como o Fenfem brincou
com o negão tão rapidinho

e com o canivete o matuto  veio para a sala
e para o Mamá falou com um olhar de maldade:
mode que não sei porque tanto mal
mas não vai se aqui e nem nessa capital
que eu vou perder a minha virgindade 

virado na giraia valente  o Fenfem
disse  mais: você me abra a porta agora
e ligeiro me traz pra cá minha mala de viajar
que nesse mesmo instante desse lugar
desconjurado eu vou me embora

o coitado do Fenfem estava azarado
perambulando de noite na praça da sé
a ele pediram uma informação 
do metrô a onde era a estação
por sinal foi uma mulher

ele respondeu para a senhora vistosa:
dona eu não sou da qui eu vim do interior
eu falo com uma pura sinceridade
eu não conheço essa cidade
na verdade eu nem sei a onde estou

a moça fingiu que teve pena dele
e perguntou se ele estava com fome
ele respondeu para a rapariga:
moça pra encher minha barriga
até pedra esse homem come

a rapariga estava sem grana e queria beber
 ela levou  o Fenfem para um bar
e fingindo está com pena do moço
pegou na mão dele abraçou seu pescoço
e pediu pro garçom um conhaque "Dubá"

o matuto pensando que ela tinha dinheiro
pediu na chapa um pão com manteiga
a dona era da quele lugar prostituta
e falava: garçon me escuta
agora me traz uma cerveja

e o Fenfem com uma fome de leão
pediu um prato feito pra comer
enquanto a rapariga
ia pedindo bebida
até umas horas pra beber

de repente com muita educação
a dona pede licença e para o banheiro partiu
e a dona seu menino
dela o rumo o destino
até hoje ninguém sabe ninguém viu

o dono do boteco chamou a polícia
a polícia levou o matuto para a delegacia
o delegado nos tramites da investigação
pergunta: o meu caro cidadão
a quela mulher você conhecia?

o matuto responde: seu delegado seu doutor
eu vim de longe não sou dessa terra
para o senhor eu me prosto de joelhos
e aqui estou como cego em tiroteio
eu não conheço  e nunca tinha visto a cara dela

o delegado pergunta:  
e agora quem a conta vai pagar?
o matuto como se fosse normal
sorrindo responde para o policial:
eu pago quando eu começar trabalhar

o delegado pensou que o cabra 
estava arreliando  dele na cara de pal
bravo retrucou: seu palhaço seu tonto
eu não brinco no que conto
e me respeite que eu sou policial

o matuto   ficou sério calou a boca    
e feito uma criança disparou com a choradeira
pois ele ficou muito espantado
achando e o doutor delegado
ia deixar ele  preso na cadeia

conversa da qui conversa de lá
o delegado deu para o matuto o alvará 
mandou ele pegar sua mala
e se picar na estrada
e para a catinga ele retornar

Fenfem feito raio saiu ligeiro
destinou-se para o terminal Tietê
a assistente  social deu a ele a passagem
e para aumentar a bagagem
deu uns lanches para ele comer

mas antes do ônibus partir
o matuto fez questão de falar:  
aventurei e aqui tentei a sorte
mas prefiro o azar no norte
e aqui não é meu lugar

Fenfem voltou para sua terra natal
e se ajuntou com a sua parentela
viveu mais uns cinquenta anoa de vida
e depois deu partida
num caixão foi pra debaixo da terra!

                          
                                                                             "FIM"
                                                                                         


Poema: "O Causo do Fenfem.

Poeta: José severino Da  Silva Neto.

Data: 15/01/2013.




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