sábado, 26 de janeiro de 2013

Meu poema do dia: "Um causo no Cambuci"




Aconteceu no Cambucí
um réprepré um fuzuê
dois contadores de história
caso passado trouxeram a memória
o que era bom não acontecer


assunte só velho Biro
o finado compadre louro
até os seus noventa anos
com  raparigas debaixo dos panos
o danado ainda dava no coro


 tu não lembra da filha do velho Tião
que Deus o tenha mas não da pra esquecer
um caso que até o delegado Messias
levou o velho para a delegacia
para o caso o velho Louro esclarecer


o que a filha do velho Tião
estava fazendo nua na cama do Louro
Tu não acha que o velho não fazia nada
pois a mocetona era afamada
na cidade como a rainha do coro


Léo quem não sabe rezar xinga a Deus
tu não lembra que o velho Louro era bom sujeito
na quela época  dele fizeram muita infâmia
oxente ele liderava era a campanha
para de Uringa ser o prefeito


tanto é verdade o que eu conto
que o caso da filha do Tião foi resolvido
a rapariga só queria aproveitar
foi o adversário do Louro que pagou pra ela ir lá
foi ela que confessou  para o delegado você tá esquecido


do finado Louro a fama de bom de coro
foi o Zé Gordinho que inventou como pilera 
o Zé nem imaginava no que iria dar
que no Louro o apelido iria pegar
o Zé arrependido foi pra debaixo da terra


eles tinham uma amizade desde de criança
taqui o Duda que não deixa eu mentir
Duda não é verdade que para onde um ia
tanto fosse noite como dia
juntos faziam questão de ir?


Léo quando o Louro beneficiava o povoado
tu ainda era um  menor de idade
tá aqui meu compadre Joaquim
que lembra de tudo tim tim por tim tim
tudo que o Louro fez pela cidade


seu Juca me de outra cabeçeira
estou começando a gostar da prosa
compadre Biro é essa é  a vista
ou pendura na lista
e tu me paga outra hora?


essa é a vista já eu te passo o trocado
e o que tu me diz Léo do velho Tião
não esqueço de quando eu ainda era guri
de quando ele trabalhou por aqui
e tenho muita recordação


me perdoe compadre Léo se vai te magoar
é que eu me recordo direitinho
tava eu e o Piu de dona Dedé
quando nós vimos a sua ex mulher
despida junta com o Tião peladinho


foi lá no tanque do finado Juliano
o que tu acha que os dois tava fazendo
de traz de uma moita nós escondidinho
via e ouvia tudo direitinho
os dois na livusia se agarrados e gemendo


o que posso te responder  
é que de fato o fato aconteceu
mas tu não pode esquecer da sentinela
no mesmo dia do Tião  e dela
que de chumbo cada um morreu


nesse tempo o delegado era o finado meu pai
o doutor Raimundo Silva Castanheira Grito
que era conhecido por toda a região
como um cabra de disposição
muito macho e  destemido


mas mesmo sendo ele meu pai
o velho mandou me prender
me disse: Olha aqui meu cidadão
não foi essa a educação
que eu ensinei pra você


como um ato de respeito a justiça
o juiz Marivaldo vai te julgar
mas como ele é candidato a prefeito
é bem provável que o sujeito
ainda hoje te da o  o alvará


do jeito que painho disse aconteceu
o doutor Marivaldo veio  até a mim
e me deu o numero da sua chapa
e me  disse: Agora você faça
uma boa campanha pra mim



pois agora Biro essa você vai ter que ouvi
um segredo guardado a sete chaves
pois como tu fez questão de de lembrar
o que fez me envergonhar
hoje eu conto o que tu não sabe


tu lembra da casa de farinha do velho Nenê
se esqueceu  agora vai lembrar
a tua senhora a dona Tertolina
a filha do seu Artur e Dalina
que do Bolito imigraram pra cá


pois assunte só o caso que aconteceu
tu lembra do Zé Mará o comerciante
a quele da fazenda "Céu Estrelado"
o cabra até parecia ser encantado
de muitas donas ele foi amante


está aqui Netinho que comigo viu
a gente batia jaca na roça do seu Amado
bem a onde com a roça de Luiz faz esquina
a gente viu seu Zé Mará com Tertolína 
do jeitinho que nasceram abraçados


só que o velho Zé  viu a gente
se vestiu e pediu para nós segredo
mandou embora sua  Tertolina
e para a gente o gente fina
deu um bocado de dinheiro


compadre Léo aí você foi longe de mais
como um corno tu me desmoralizou
e sendo você o meu melhor amigo
a tanto tempo contigo
esse segredo tu nunca  contou


agora eu peço licença ao velho Juca
o dono dessa birosca
para todos se retirar
que com tu vou me enformar
dessa dita feia prosa


se o velho Louro era bom de coro
para nós já não mais intereça
compadre Léo agora vou te surpreender
que bom de coro pra valer
é a tua mulher dona Vera


já faz tempo que a gente faz chamego
  longe da qui lá pra fora
pois ela me queixou
que você já brochou
que faz tempo que não namora


compadre Biro com tua mulher não te traí
como foi que tu foi fazer isso comigo
então deixa pra lá o velho Louro
segura o que sai desse pau de fogo
e adeus meu  grande inimigo  


compadre Léo olha você pra cá
eu ainda não tombei no chão
hoje aqui na nossa cidade
não vou só para a eternidade
segura as balas do meu oitão


e assim no Cambuí aconteceu
numa noite teve duas sentinelas
duas viúvas ficaram chorando
e o povoado comentando
quem é que iria  casar com elas?


não me pergunte quem me contou
esse conto que relatei 
só posso ao amigo afirmar
que do jeitinho que vieram me contar
pra você o conto contei!



"fim"
                   



Poema:  Um causo no Cambucí.

poeta: Jose Severino da Silva Neto.

Data: 04/05/2012.



Fone de contato: (55) 11 031  11 969429975(oi).                                                                                              


                   

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