quinta-feira, 24 de janeiro de 2013





Meu poema do dia:  "A saudade dói "



Moço minha vida virou um estrupício 
depois que Nininha partiu
na vereda da saudade e da lembrança
nelas tem sido a minha andança
para onde ela foi ninguém sabe ninguém viu


já postei cartas para a parentela dela
mas ninguém se quer respondeu
feitinho um relâmpago nas trovoadas
igualsinho um tiro de espingarda
Nininha de casa desapareceu


de porta em porta no povoado
não teve casa que não visitei
a resposta foi de todas a mesma
para  aumenta a minha tristeza
responderam: Lunga eu não sei!


feitinho um pássaro sem asas para voar
também fiquei cidadão
minha mioleira  deu um avexamento
meu coração disparou os batimentos
desnorteado me piquei pro Matão


o Matão é o povoado  onde ela nasceu
de estrada caminhei uma légua
na esperança de encontrar a Nininha
pois para arrasar a vida minha
ninguém deu noticia dela


fui a procura do delegado Martins
e na delegacia  a queixa registrou eu
do sumiço da minha senhora
que por sinal fazia poucas horas
 que de casa desapareceu


Nininha era boa de mais para eu
não ausentava no carinho no amor
se a minha vida é ela um jardim
Nininha etão foi pra mim
desse jardim a mais bela flor


não tem como meus olhos não marejar
quando me vem dela a lembrança
pois no povoado Pau queimado
eu e ela foi criado
desde quando a gente era criança


Não sei se o senhor já sentiu saudade
de alguém que você muito amou
feito um rio sem peixe pra pescar
como um passarinho sem asas pra voar
eu e você assim ficou


não lamento saudade de um falecido 
por infelicidade  de quem desapareceu 
encucado matutando começo a pensar    
o que deixei para Nininha de dar
para dar nesse caso   que deu


sempre dei do bom e do melhor
não faltei no carinho no amor
também não deixei de dar respeito
então qual o motivo desse feito
que Nininha para eu ocasionou


se a saudade matasse  alguém
esse caboclo já era finado
ela não mata mas maltrata a gente
a cabrunca nem pena sente
dos que ela deixa machucado


eu sonho acordado com Nininha
e dormindo só sonho com ela
já pedi para Deus fazer
se é para eu tanto sofrer
por favor que Ele me leva


a solidão causa a maior dor do mundo
não desejo ela nem para meu inimigo
o cabra fica desmantelado
vem um choro desenfreado
assim acontece comigo


o caso do causo que lamento
me arrepia as costelas mas vou contar
de Nininha eu sei o paradeiro
eu peço até de joelho
para o moço de mim não arreliar


fui gaiado por o meu  compadre João
que é padrinho do meu filho Léo
desejar mal não desejo não
mas o preço dessa  traição
os dois vão acertar com o juiz do céu


eu tento esquecer essa desgraça
mas confesso que não consigo não
já fiz promessa para a virgem Maria
também fiz para a santa Luzia
e não deixei de fazer para São João


se de Nininha eu conseguir esquecer
pois pelo feito pela graça
descalço com os pés no chão
vou caminhar pelo estradão
de casa até  Bom Jesus da Lapa


já me esbarrei no compadre João
até pensei em me vingar
mas lembrei  do meu filho Léo
e tive medo de Deus do céu
então deixei o caso pra lá


também já me esbarrei em Nininha
e quase que nela eu dava um abraço
vendo a beldade com quem me casei
mas no entanto logo lembrei
que de nós foi desmanchado o laço


o amor meu por ela é tão imenso
que não tem nada para comparar
eu confesso que se ela decidisse
de desfazer dessa tolice
eu aceitava ele para casa voltar


mas enquanto isso não acontece
vou deixando a vida me levar
destino eu não sei  não
mas eu creio que um dia então
de Nininha não vou mais lembrar


obrigado seu moço que me escultou
mas agora eu tenho que ir labutar
lá na roça que eu plantei
e quem sabe um dia não sei
Nininha resolve para os meus braços voltar.





"FIM"                                                                                                                   





Poema: A saudade dói.

Poeta: Jose Severino da Silva Neto.

Data: 24/01/2013.


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