Meu poema do dia: "A saudade dói "
Moço minha vida virou um estrupício
depois que Nininha partiu
na vereda da saudade e da lembrança
nelas tem sido a minha andança
para onde ela foi ninguém sabe ninguém viu
já postei cartas para a parentela dela
mas ninguém se quer respondeu
feitinho um relâmpago nas trovoadas
igualsinho um tiro de espingarda
Nininha de casa desapareceu
de porta em porta no povoado
não teve casa que não visitei
a resposta foi de todas a mesma
para aumenta a minha tristeza
responderam: Lunga eu não sei!
feitinho um pássaro sem asas para voar
também fiquei cidadão
minha mioleira deu um avexamento
meu coração disparou os batimentos
desnorteado me piquei pro Matão
o Matão é o povoado onde ela nasceu
de estrada caminhei uma légua
na esperança de encontrar a Nininha
pois para arrasar a vida minha
ninguém deu noticia dela
fui a procura do delegado Martins
e na delegacia a queixa registrou eu
do sumiço da minha senhora
que por sinal fazia poucas horas
que de casa desapareceu
Nininha era boa de mais para eu
não ausentava no carinho no amor
se a minha vida é ela um jardim
Nininha etão foi pra mim
desse jardim a mais bela flor
não tem como meus olhos não marejar
quando me vem dela a lembrança
pois no povoado Pau queimado
eu e ela foi criado
desde quando a gente era criança
Não sei se o senhor já sentiu saudade
de alguém que você muito amou
feito um rio sem peixe pra pescar
como um passarinho sem asas pra voar
eu e você assim ficou
não lamento saudade de um falecido
por infelicidade de quem desapareceu
encucado matutando começo a pensar
o que deixei para Nininha de dar
para dar nesse caso que deu
sempre dei do bom e do melhor
não faltei no carinho no amor
também não deixei de dar respeito
então qual o motivo desse feito
que Nininha para eu ocasionou
se a saudade matasse alguém
esse caboclo já era finado
ela não mata mas maltrata a gente
a cabrunca nem pena sente
dos que ela deixa machucado
eu sonho acordado com Nininha
e dormindo só sonho com ela
já pedi para Deus fazer
se é para eu tanto sofrer
por favor que Ele me leva
a solidão causa a maior dor do mundo
não desejo ela nem para meu inimigo
o cabra fica desmantelado
vem um choro desenfreado
assim acontece comigo
o caso do causo que lamento
me arrepia as costelas mas vou contar
de Nininha eu sei o paradeiro
eu peço até de joelho
para o moço de mim não arreliar
fui gaiado por o meu compadre João
que é padrinho do meu filho Léo
desejar mal não desejo não
mas o preço dessa traição
os dois vão acertar com o juiz do céu
eu tento esquecer essa desgraça
mas confesso que não consigo não
já fiz promessa para a virgem Maria
também fiz para a santa Luzia
e não deixei de fazer para São João
se de Nininha eu conseguir esquecer
pois pelo feito pela graça
descalço com os pés no chão
vou caminhar pelo estradão
de casa até Bom Jesus da Lapa
já me esbarrei no compadre João
até pensei em me vingar
mas lembrei do meu filho Léo
e tive medo de Deus do céu
então deixei o caso pra lá
também já me esbarrei em Nininha
e quase que nela eu dava um abraço
vendo a beldade com quem me casei
mas no entanto logo lembrei
que de nós foi desmanchado o laço
o amor meu por ela é tão imenso
que não tem nada para comparar
eu confesso que se ela decidisse
de desfazer dessa tolice
eu aceitava ele para casa voltar
mas enquanto isso não acontece
vou deixando a vida me levar
destino eu não sei não
mas eu creio que um dia então
de Nininha não vou mais lembrar
obrigado seu moço que me escultou
mas agora eu tenho que ir labutar
lá na roça que eu plantei
e quem sabe um dia não sei
Nininha resolve para os meus braços voltar.
"FIM"
Poema: A saudade dói.
Poeta: Jose Severino da Silva Neto.
Data: 24/01/2013.
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