terça-feira, 22 de janeiro de 2013




MEU POEMA DO DIA:     "O CONTO QUE ME CONTARAM"




Tem cabra que conta um conto
que da gosto de escutar
mas tem conta  mal contado
com muito ponto acrescentado
que o contador chega a se envermelhar


o conto que eu vou contar pra você
quem me contou não vou contar   
é o conto do causo do zé da cabra
que nas catingas do sertão morava
que fofoca gostava de contar


numa casa de pal a pique 
com a dona Bela ele morava
mas na sede da sua cidade
o Zé não falava a verdade
outra coisa ele contava


contava que era fazendeiro
e que morava numa imensa mansão
e que só ia  pra a feira esfarrapado
na esperteza do cuidado
do mal olhado e do ladrão


mas do Zé a mentira não era o  forte
nem o Nelson Rubens da televisão
 de fofoca é tão atualizado
feito o zé que era diplomado
na escola de fofocas do sertão


a língua do cabra era mais afiada
do que faca amolada de açougueiro
a boca era feito uma matraca
bastava ouvir uma coisa de nada
que era motivo de espalhar ligeiro


dona Zuleica  já avançada de idade
viúva do velho conhecido Agenor
certa vez proseava com Duda o prefeito
veja só a audácia desse sujeito  
disse que viu os dois fazendo amor


o boato percorreu por toda região
que deixou muita gente assombrada     
quando chegou a  Zuleica o conhecimento
foi triste  foi um lamento  
a velha morreu infartada


o povo quando via o Zé
logo trancava a boca 
pois quem não se policiava
de um til ele  montava
uma história até muito louca


quem quisesse  dar um recado a alguém
era só pedir para o Zé não falar
ligeiro feito um tiro de espingarda
uma fofoca ele criava
e ia para esse alguém contar


quando o seu Moraes foi prefeito
ele não teve jeito para não renunciar
pois a fofoca que fez a criatura
levou a cidade  para a porta da prefeitura
pra de porrete o Moraes o povo matar


o caso foi mais ou menos assim:
o Moraes já de família era religioso pra dana
não deixava de ir a uma missa
um dia por sinal deu preguiça
e resolveu em casa ficar


dona  Maroca esposa do seu Moraes
viajava com a sua filha Marineis
em casa ficou Moraes e a empregada
a Betânia que era filha de Amada
Olha a fofoca que o cabra  fez


foi até a câmera  de vereador da cidade
e pediu um minuto para falar
foi até a tribuna e assim falou:
o prefeito eu vi ele estuprou 
a filha de Amada e do seu Dada


o grupo de vereadores na época
do Moraes era maioria oposição
alguém do plenário alto falou:
é esse o homem que a gente confiou
para da cidade fazer a administração?


de repente  a confusão foi  montada 
 o povo foi para as ruas e protestou 
pediram para o prefeito renunciar
caso contrário cedo ele iria visitar
sua bisavó e também bisavô  


 seu Moraes de tanta opressão do povo
escoltado foi para a câmera de vereador
e ali se sentindo acoado
não teve jeito o coitado
do cargo de prefeito renunciou


quando veio saber da história
quem foi o dela o autor 
infelismenti  já era tarde
do que foi até hoje não se sabe
mas para o além a morte o levou


o porque do apelido Zé da cabra
creio que nem preciso contar
é isso mesmo caro amigo leitor
do jeitinho que você pensou
com as cabras ele gostava de brincar   



queria ver o Zé ficar nervoso
era só tocar no assunto da cabra
endoidecia de um jeito maluco
pedia para não tocar nesse assunto
vermelho feito pimentão ficava


certa vez na venda do seu Bento
o Zé criou uma confusão
inventou que a donzela Firmina
filha do seu Bento a menina
saia com o padeiro seu João


seu Bento se armou com um pal de fogo 
e pegou o Zé da cabra pelo o colarinho
e disse alto para o  povo  escutar: 
o velho João eu vou matar
mas para o inferno ele não vai sozinho


vendo a morte de perto o Zé
para o seu Bento ligeiro falou:
 se eu soubesse eu não contaria
a minha piada do dia
que a minha mioleira inventou


seu Bento que não gostou da piada
apontou o pau de fogo na cara do Zé
e falou até num tom baixo:
o Zé hoje eu só não te  mato
considerando dona Bela a sua mulher


mas deu um chute na traseira do cabra
que quase fez o danado voar
a partir da quele dia
nem do Bento e nem da  filha
não queria dos dois lembrar 


bobo é quem pensa que ele parou de fofocar
não deu nem dois dias que do Bento apanhou
que do seu Berlamino o pipoqueiro
o filho do finado Alfredo
uma fofoca para o povo contou


disse que viu Belarmino sozinho
entrando no mato puxando uma vaca
quando Belarmino ficou sabendo
atrais do Zé foi ele  correndo
com raiva e na mão uma faca


ainda correndo pelo o estradão
Belarmino deu de frente com o Zé
pegou pela camisa do moço
e deslisou  a faca no cabra no pescoço
e disse que ia pra ele mostrar como é


que se fazia com  cabra fuxiqueiro
o Zé  tremia feito taquara com o vento
desesperado passou a chorar
de medo ele foi  até se lembrar
do caso dele que se deu com o seu Bento


a sorte dele foi que o delegado Justino
 ia passando bem na quela  hora
o Belarmino com medo da prisão
soltou rápido o tal cidadão
e jogou também a faca fora


feito relâmpago que passa nas trovoadas
 do mesmo jeitinho fez  o Zé
disse ele para ele mesmo correndo:
a inda bem que estou acendendo
velas para o meu santo com fé!


 num vacilo num descuidado
certa vez dona Bela flagrou 
o fuxiqueiro brincando com uma cabra
deu motivo para dona Bela sair de casa
que  nem o endereço pra ele deixou


o boato percorreu por toda cidade
que o zé da cabra na sua casa se trancou
deprimido o cabra morreu
para onde foi não sei eu
assim esse causo alguém me contou.




"fim"


Poema: O causo que me contaram.

poeta: Jose severino da silva  neto.

Data: 22/01/2013.


Contato: 031 11 69429975

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